sexta-feira, 24 de julho de 2015

Eu queria tanto encontrar uma pessoa como eu, a quem eu possa confessar alguma coisa sobre mim

  Algum dia de setembro, não me lembro exatamente qual. Meus pais haviam viajado numa quinta feira a noite, e minha irmã deu uma festa na sexta. Aconteceu bastante coisa nessa festa, o apartamento não parava de encher, as pessoas nuas e bêbadas ocupavam o corredor do apartamento, se beijavam em todos os cômodos e um bar man bastante eficiente abastecia tudo lá da cozinha. A bagunça estava feita e não parava de entrar e sair gente. Eu tinha que terminar de pintar um painel pra professora de uma grande escola privada de Brasília, que me encomendou uma pintura enorme do cantor Gonzaga e pagaria bastante caro por isso e apresentaria meu trabalho pra muita gente influente, com a minha presença, em um evento artístico que aconteceria na escola no sábado seguinte. Na sexta feira eu me juntei a festa, aproveitei, não terminei o desenho a tempo e vomitei em cima do painel pintado. Na manhã seguinte, todos estavam estirados pelas camas e colchões pela casa, eu amanheci estirado no painel, todo sujo de tinta e a professora interfonando lá em baixo do prédio. Eu não podia atender naquele estado, e nem arrumar uma desculpa cabível pra dar e dizer que não terminei a pintura e ainda vomitei em cima dela. Apenas não atendi o interfone, e ouvi lá de baixo a professora perguntar pros vizinhos que saíam na garagem se eles me conheciam, se sabiam onde eu estava. Os vizinhos disseram: ''-Sim, eles deram uma festa barulhenta aí que durou até de manhã e ninguém conseguiu dormir. Deve tá todo mundo bêbado!''.

  Sábado a tarde. Havia acabado de perder uma grande oportunidade de apresentar meu trabalho para grandes diretores de arte, gente influente e bacana que foi naquela escola só pra me conhecer e ver o meu trabalho. O painel obviamente foi pro lixo. A bagunça já estava feita. A festa teve que continuar.
  Me sentindo mal e culpado pelo acontecimento, fui me deitar. Precisava de algo para me animar e descobri que a banda Pato Fu faria um show naquela noite, de graça, no Sesi show de bonecos, apresentando minha turnê favorita deles: música de brinquedo.

  A ideia de música de brinquedo surgiu em 2010. A banda toca clássicos da mpb e músicas autorais, todas feitas com instrumentos de brinquedo mesmo. O show é um amor. Música de adulto feita pra criança. Dois bonecos que animavam ainda mais o show, no fundo do palco, ganham ainda mais a simpatia do público pela apresentação: Groco e Ziglo, dois monstrinhos feitos pelo Giramundo.

  Fui ao Sesi show de bonecos com a minha tia. Era o que eu precisava pra espairecer a cabeça e me sentir mais ''puro'' de novo. Brinquei com fantoches, montei bonecos, participei de teatrinhos, e vi o show sensacional do Pato Fu. Já era a terceira vez que eu via aquele mesmo show. Eu já havia visto antes quando lançou, em 2010 e de novo em 2011, mas aquela seria a última apresentação daquela turnê e eles encerrariam o música de brinquedo. Então aproveitei mesmo como se fosse a última vez.
  Tirei foto com Fernanda Takai, vocalista do Pato Fu, mas essa e várias outras fotos de vários outros shows, eu perdi quando meu celular foi roubado no mês seguinte. Mas vale a memória. Ainda tenho muita coisa guardada daquele show maravilhoso: desenhos, encartes, bonecos.



  Quando cheguei em casa, já bem melhor que antes, havia uma surpresa lá pra mim. O pessoal, afim de fazer eu me sentir melhor, colou desenhos fotos e lembranças pelas paredes, prepararam meu coquetel favorito e me esperaram com chocolates no pratinho. Essa festa durou até o domingo seguinte e a melhor lembrança dela foi limpar toda a bagunça.

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