sexta-feira, 3 de julho de 2015

O abraço do Leão do Norte

''Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte'' 

  Diz ele na melhor tradução do típico pernambucano que é. Lenine tem a alma e a áurea de Recife em si, e passa isso nos seus trabalhos. Com seu jeito inconfundível de tocar guitarra e violão e sua voz com sotaque forte, Lenine lota todos shows que faz em Brasília. Eu já perdi a conta de quantos shows dele eu já assisti. Mais de dez com certeza. 

  A primeira vez que vi Lenine pessoalmente foi em abril de 2013, quando ele fez um show em comemoração aos 53 anos de Brasília. No mesmo palco que ele naquele dia se apresentaram também Maria Gadu, Teatro Mágico e Milton Nascimento. 
  Um segredo: Foram pouquíssimos desenhos que eu fiz antes, com planejamento e cuidado. Na grande maioria das vezes, eu faço o desenho minutos antes do show, correndo, ou até mesmo durante o show. Nesse caso, eu fiz o desenho no metrô, usando as costas de um desconhecido como apoio para colorir. 

  Chegando lá encontrei um amigo que me deu uma credencial pra assistir o show na área vip, bem de pertinho, e vi um show maravilhoso de Maria Gadú na turnê ''Mais uma página''. Em seguida eu dei uma escapada e fui para trás do palco. Quando os seguranças se distraíram por um segundo, eu pulei a grade e entrei no backstage. O lugar estava cheio de seguranças e eu me escondi por trás de cabines de banheiros químicos, mas ainda havia uma grade pra passar pra conseguir chegar até os camarins. Ali escondido, eu vi passar um fotógrafo novinho, e chamei o rapaz discretamente. ''Psss, ei, você, vem aqui só um minuto. SHHH''. Expliquei que eu havia desenhado o Lenine e queria entregar o desenho pra ele pessoalmente, e o rapaz me entregou a credencial dele pra eu passar pelos seguranças nos portões e devolver depois a credencial pra ele por trás da grade.  Feita a missão, lá estava eu, sem querer chamar atenção, em frente os camarins todos. 

  Vi passar fumando por mim Maria Gadu, mas ninguém podia chegar perto dela, que uma produtora chata te bloqueava. Vi passar os rapazes do Teatro Mágico se preparando para a apresentação. Vi passar também Milton Nascimento, concentrado pro show. Eu havia levado pronto um desenho menor para Milton, e entreguei assim que ele passou por mim pra entrar no palco. 



  A produtora chata notara minha presença penetra ali e chamou os seguranças pra me tirar do local várias vezes, até que eu falei irritado que eu ia sair só. Saindo do backstage, desviei o caminho e entrei no camarim de Lenine pra esperar por ele sozinho, sem ninguém encher o saco. Não sou evasivo e nem inconveniente, mas produtores e seguranças de shows querem mostrar serviço. Lenine então chegou, muito bem humorado como é, mostrando a simpatia e simplicidade. Brincamos, conversamos e vi o show maravilhoso dele, ali do cantinho do palco.

  No final do show de Lenine, ele chamou Maria Gadu pra cantar com ele, e num exato momento em que eu estava descendo palco, Lenine e Gadu se abraçaram lá atrás, no palco, e alguém registrou numa foto de celular. 

    Vale lembrar também que o show da Banda Teatro Mágico é sensacional, muito performático e bem planejado. O show parece um circo, com acrobatas no palco e uma iluminação louca. 

    Nesse dia eu não entreguei um desenho para Maria Gadú, mas depois fiz esse desenho dela com a mesma roupa que ela usou nesse show, e no fundo a letra da minha música favorita dela.

  Os shows todos acabaram lá pras 3 da madrugada e eu voltei pra casa de carona com fãs do Teatro Mágico, que eu conheci lá mesmo, durante o show. 

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