Na época eu trabalhava para uma importante livraria de Brasília, e como não podia perder trabalho, passei na Rodoviária e comprei um atestado falso de uma semana. Comprei ingressos pros shows em Brasília e em São Paulo, achei passagens de avião baratas e me programei para o que seria a turnê do ano. Cheguei às 6 e meia na fila do estádio Mané Garrincha e já tinham fãs acampados lá. Alguns eu conhecia de shows passados, bares e eventos da cidade e outros conheci lá mesmo. Eu era o quinto fã da fila, a quinta pessoa a adentrar o estádio na chuva pra ver Paul McCartney.
Na correria pra entrar no estádio eu perdi meus amigos. Estavam um pra cada lado, e eu sem celular pra manter contato com eles. Fiz amizade com uma garota muito simpática que veio de Belém pra ver o Paul em Brasília, chamada Lis Sadala. Passamos o show juntos e valeu uma foto pra registrar.
Não preciso dizer que o show sensacional, o melhor show que já fui na minha vida e etc, porque todos já sabem o nível de um show de Paul McCartney. E não é só porque ele é a lenda idolatrada, mas porque o show dele é realmente muito bom: a iluminação, os efeitos de palco, o som, tudo. O palco se levantando na música ''Back bird'' deixando o Paul mais alto com um telão de led em baixo refletindo uma lua cheia, os fogos de artifício de ''Live and let die'' que me deixaram surdo por eu estar na grade bem em frente a saída do fogo, os suportes de iluminação que vão trocando de lugar e fazendo formas em cima do palco, o efeito de luz feito em ''hey jude'', cada parte do show é uma cena inesquecível pra platéia, e eu digo sem medo de errar: sua vida nunca mais será a mesma depois que você for à um show de Paul McCartney.
Nessa foto tirada por Lis, dá pra ter uma ideia do quanto estávamos perto de Paul
Não sei como aquele jovem senhor de 73 anos de idade conseguiu fazer um show lindo de três horas. Isso mesmo, o show teve duração de três horas e dois bis. Eu saí muito cansado e fui com Lis ao hotel Meliá onde Paul estava hospedado, mas não conseguimos vê-lo e eu logo peguei um táxi pra casa, porque no dia seguinte pela manhã eu embarcaria para São Paulo pra ver o último show da turnê no Brasil.
Fui o primeiro a chegar na fila do Allianz Parque, estádio do Palmeiras em São Paulo, e dei entrevistas pra uol e algumas revistas que estavam fazendo a cobertura do show. Roubei esse livro no aeroporto, antes de embarcar:
O show de São Paulo foi diferente do de Brasília. Paul alterou algumas músicas da set list, e abriu o show com ''all my loving'', ao invés de ''Magical Mistery Tour'' como fez em Brasília. O show lá também foi em baixo de chuva, e transmitido ao vivo pela Multishow, e eu apareci nas transmissões, segurando o desenho que eu havia feito para o Paul.
em seguida passei no hotel em Paul estava hospedado pra ver se conseguia entregar o desenho, e acredite ou não, consegui mais uma vez. Era tarde e haviam poucos fãs esperançosos para ver o Paul, quando o diretor de segurança do cantor apareceu dizendo em inglês que Paul estava chegando, e talvez poderia autografar algumas coisas rapidamente, mas com algumas condições: primeiro que não cheguemos eufóricos perto de Paul pra ele não se sentir desconfortável e segundo, que não tirássemos fotos. Não entendi direito o motivo das fotos, e uma fã explicou que isso sempre acontece, por conta dos direitos autorais não sei do que. Achei uma babaquice, mas guardei a câmera como pediu o senhor britânico. Paul chegou de sobretudo e calça jeans, desceu do carro preto e veio em nossa direção autografando algumas coisas repetindo ''thank you'', aos tantos ''I love you''. Paul autografou um pedaço de papel meu e eu entreguei rapidamente o desenho, que ele não olhou, mas segurou. Quando uma das fãs inconvenientemente, tira da bolsa uma câmera enorme e fotografa o ato, jogando um flash de cegar no rosto de Paul McCartney. O diretor de segurança imediatamente levou Paul pra dentro do hotel, os seguranças passaram uma fita de isolamento e os fãs que não conseguiram seus autógrafos gritavam e chorando, clamando. Me senti Charlie Bucket com tanta gente tentando comprar meu autógrafo. A moça quase apanhou no local e eu corri com meu autógrafo na mão. Quem diria que um pedacinho de papel poderia valer tanto dinheiro ao receber a assinatura de um homem.
A ''aventura'' não acaba por aí. Ao chegar em casa eu descobri por um telefonema que eu havia perdido meu emprego por justa causa, e quando fui até lá verificar, era mesmo verdade. Todos viram minhas entrevistas na internet e minha cara no show ao ser transmitido pela tevê, e descobriram que o atestado médico era falso. Eu sei que é uma história mirabolante, cada vez mais difícil de acreditar, mas juro que aconteceu. Fui demitido com a dívida toda do show pra pagar, e como eu consegui todo esse dinheiro rendeu ainda mais histórias, que me serviram pra comprovar o que eu havia dito antes: Depois que ir à um show de Paul McCartney sua vida nunca mais será igual.
Menino, como sempre, não podia perder suas histórias referende ao show. Maravilhoso! Viu o mestre dos messtres. Perdeu o emprego, mas depois de tudo isso, tava fácil arrumar outro. ahahahaha Parabéns!
ResponderExcluirJuliana o/ foi o mês mais conturbado do ano kkk Ficou uma dívida imensa pra pagar sem emprego, mas no final deu tudo certo. Não há o que pague uma experiência com Paul McCartney, cara. Mês que vem tem vlog no Rock in Rio, espero que goste também <3
ResponderExcluirThiago, I'm absolutely fascinated by your adventures...and I totally agree that I'm a different person after seeing Paul McCartney's concert. Unforgettable moment!!!!
ResponderExcluirRita Andrade